O lado positivo das tarifas? Como a política econômica pode impulsionar a construção de tecnologia nos EUA

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Em uma era definida pela incerteza geopolítica e pela interrupção da cadeia de suprimentos, algumas das empresas de tecnologia e manufatura mais poderosas estão respondendo – não recuando – mas se fortalecendo.

Sede da Nvidia (Imagem: Adobe Stock) Sede da Nvidia no centro de Santa Clara, Califórnia, EUA (Imagem: Adobe Stock)

Movimentos recentes de empresas como a gigante de tecnologia norte-americana Nvidia sugerem que, mesmo que as tarifas de importação dos EUA introduzam volatilidade de curto prazo (especialmente no setor de tecnologia), elas também podem estar estimulando investimentos domésticos de longo prazo — e com isso, uma nova onda de construção nos Estados Unidos.

Nvidia se compromete com supercomputadores e infraestrutura de IA fabricados nos Estados Unidos

O sinal mais claro veio em abril da Nvidia, a fabricante de chips mais valiosa do mundo (US$ 3,6 trilhões em valor de mercado), quando anunciou um grande plano para fabricar supercomputadores de IA “Made in America”.

A iniciativa, divulgada em parceria com fabricantes de servidores dos EUA, como Dell Technologies, Hewlett Packard Enterprise e Supermicro (todas empresas americanas), visa construir fábricas de IA capazes de dar suporte à crescente demanda por cargas de trabalho de IA generativa.

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O CEO da Nvidia, Jensen Huang, disse que a empresa contaria com uma rede de parceiros dos EUA para montar os supercomputadores de IA, observando que "a IA está levando os data centers a se tornarem fábricas de IA... fabricadas na América". Uma vez em funcionamento, acredita-se que seja uma "inovação" para os EUA: construir supercomputadores dentro de suas próprias fronteiras.

O novo modelo de produção exigirá a construção de infraestrutura de computação altamente especializada em todo o país.

Um desses projetos já está tomando forma no Vale do Silício: a Nvidia está planejando um data center de 750.000 pés quadrados em Santa Clara, Califórnia, em colaboração com a Vantage Data Centers. A instalação, com previsão de início de operação em fases a partir do final de 2025, suportará até 100 MW de energia e contará com resfriamento de alta densidade para atender às demandas de treinamento e inferência de IA.

Este local em Santa Clara é apenas parte de um investimento muito maior. A Nvidia revelou planos para investir até US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos, incluindo a construção de mais de 90 mil metros quadrados de novos espaços de fabricação no Texas e no Arizona.

A fabricante taiwanesa de eletrônicos Foxconn está construindo uma fábrica com a Nvidia em Houston, enquanto outra fabricante taiwanesa, a Wistron, está desenvolvendo outra em Dallas.

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No Arizona, um terceiro fabricante taiwanês, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), produzirá os chips Blackwell da Nvidia, com a Amkor, sediada nos EUA, e a Siliconware Precision Industries (SPIL), sediada em Taiwan, gerenciando o empacotamento e os testes dos chips.

Instalações como essas exigem sistemas de refrigeração avançados, infraestrutura de energia robusta e precisão ambiental — que vão desde blindagem eletromagnética até controles de umidade e qualidade do ar. Esses recursos de construção são essenciais para manter o tempo de atividade e o desempenho nas operações de IA.

Embora a Nvidia não esteja atuando como uma contratante geral, espera-se que sua iniciativa gere centenas de milhares de empregos e novas oportunidades nos setores de construção e manufatura.

De fábricas de semicondutores a centros de dados prontos para IA, o esforço representa um enorme pipeline de desenvolvimento de infraestrutura de alta tecnologia.

AMD segue o exemplo com nova fabricação nos EUA
Sede da AMD (Imagem: Adobe Stock) Sede da AMD em Santa Clara, Califórnia, EUA (Imagem: Adobe Stock)

A Nvidia não está sozinha.

Outra fabricante de chips sediada nos EUA, a AMD, confirmou recentemente que seus processadores de servidor EPYC serão fabricados em breve na nova fábrica da TSMC no Arizona. Esta é a primeira vez que os chips para data center da AMD serão produzidos em solo americano, parte de uma tendência mais ampla da indústria de transferir a fabricação de alta tecnologia para mais perto de casa.

“Taiwan continua incrivelmente importante para a AMD”, disse a CEO Lisa Su à agência de notícias Reuters, “mas estamos diversificando. Os EUA desempenharão um papel maior em nosso roteiro daqui para frente.”

A AMD também adquiriu a ZT Systems, uma importante fornecedora de servidores de IA sediada nos EUA, fortalecendo ainda mais sua presença doméstica.

O site da TSMC no Arizona, onde a AMD planeja fabricar, é um projeto de construção de alto nível, com mais de US$ 40 bilhões comprometidos e vários contratos concedidos para instalações especializadas de salas limpas, serviços públicos e logística.

JCB dobra a aposta no Texas
Renderização da futura fábrica da JCB em San Antonio, Texas (Imagem: JCB)

No setor de equipamentos de construção, a fabricante britânica JCB está adotando uma abordagem semelhante, embora de um setor ligeiramente diferente.

Em resposta às novas tarifas sobre as importações do Reino Unido, a empresa anunciou recentemente que dobraria o tamanho de sua fábrica em construção em San Antonio, Texas. A expansão visa mitigar a exposição a tarifas por meio da localização da produção.

A unidade, que deverá empregar até 1.500 trabalhadores, fabricará máquinas para o mercado norte-americano, permitindo que a JCB contorne barreiras comerciais e, ao mesmo tempo, capture a demanda local.

Embora menor em escala do que os esforços da Nvidia ou da AMD, isso exemplifica como até mesmo os fabricantes de equipamentos tradicionais estão adaptando suas operações em resposta à política econômica global.

Sinal dos tempos ou moda passageira?

No entanto, o tempo dirá se os anúncios de hoje são parte de um reposicionamento de longo prazo da indústria americana ou apenas poderosos resultados atípicos aproveitando riscos de curto prazo.

Embora tarifas e tensões comerciais sejam normalmente enquadradas como riscos comerciais, as respostas da Nvidia, AMD e JCB sugerem que uma narrativa diferente também está se desenrolando.

Motivadas pela incerteza política, as empresas estão reavaliando suas estratégias globais e, pelo menos nesses casos, estão optando por construir nos Estados Unidos.

Para o setor da construção, essa mudança oferece mais do que apenas um valor simbólico. Cada novo data center, fábrica ou fábrica de equipamentos representa não apenas um resultado político, mas também um pipeline de projetos reais, empregos e investimentos de longo prazo.

Em 2025, projetos como esses podem ser um denominador comum se os Estados Unidos realmente concretizarem seu ressurgimento industrial de alta tecnologia.

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